segunda-feira, 28 de maio de 2007

Tudo começa na Bahia

O presidente Getúlio Vargas conferiu o petróleo em Lobato. A história do petróleo no Brasil, assim como a própria história do país, começou na Bahia. Em 1858, o Imperador D. Pedro II outorgou as concessões para a exploração de carvão, turfa e folhelho betuminoso às margens do Rio Maraú e Acaraí, área hoje conhecida como Bacia de Camamu, no sul da Bahia.
CAROLINA GOUVEIA

Os primeiros concessionários foram José de Barros Pimentel e Frederico Hamiltom Southworth. Foi em 1939 que o engenheiro agrônomo Manoel Inácio Bastos enviou um relatório ao presidente Getúlio Vargas sobre a presença de petróleo na região do Lobato. Sob a jurisdição do recém-criado Conselho Nacional do Petróleo, a perfuração do poço DNPM-163, em Lobato, foi iniciada em 29 de julho de 1938, mas o petróleo só veio à tona em 21 de janeiro de 1939.
Portanto, a partir dessa descoberta, o Conselho Nacional do Petróleo começou a pesquisar a presença da substância na região do Recôncavo Baiano. Em 1941, um dos poços perfurados deu origem ao campo de Candeias, o primeiro a produzir e vender petróleo no Brasil. Em dezembro de 2006, o Candeias 1, como ficou conhecido, completou 65 anos e produz hoje cerca de 7,5 barris por dia. É o mais antigo poço do Brasil, ainda em produção.
Em 1953, quando a indústria nacional iniciou os primeiros passos, o presidente Getúlio Vargas assinou a Lei 2004, que instituiu o monopólio estatal da pesquisa e lavra, refino e transporte do petróleo e seus derivados, além de criar a Petróleo Brasileiro S.A - Petrobras. Dez anos depois, a empresa abrangeu suas atividades de importação e exportação. Na década de 60, a Bahia, sozinha, chegou a produzir cerca de 150 mil barris por dia. "Três vezes mais do que produzimos hoje", afirma o Gerente Geral da Unidade de Exploração e Produção da Petrobras na Bahia, Antônio Rivas.

Ao mar

Um novo marco para a história da empresa foi a decisão de explorar petróleo no mar, iniciado também na Bahia, com a perfuração do campo Dom João Mar, em São Francisco do Conde, com lâminas d'água de 3 a 5 metros de profundidade, descartando a necessidade de uma plataforma. Em 1968, a Companhia iniciou as atividades de prospecção offshore. O campo de Guaricema, em Sergipe, foi o primeiro a ser explorado, mas a bacia que se tornou a maior produtora de petróleo do país foi a de Campos, litoral fluminense. De acordo com o Gerente Executivo do E&P Corporativo, Francisco Nepomuceno, a Bacia de Campos produz aproximadamente 77% de todo o óleo e gás natural brasileiros.
Nos anos 90, em função da queda do preço do barril de petróleo e de uma orientação do governo, foi resolvido que os esforços exploratórios ficariam concentrados na Bacia de Campos. "Com isso, a Petrobras devolveu para a Agência Nacional de Petróleo (ANP) todas as áreas exploratórias em terra. Em 2003, com nova direção e com o preço do petróleo mais elevado, a empresa voltou a fazer exploração em áreas terrestres", conta Rivas.
Ainda na década de 90, mais precisamente em 1997, o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a Lei no. 9.478, que abriu as atividades da indústria petrolífera no Brasil à iniciativa privada. Nepomuceno garante que, com a flexibilização, o setor de petróleo no Brasil passou a ser mais competitivo e regulado, além de estar aberto à participação de outras empresas nacionais e estrangeiras. Tudo isso possibilitou um desenvolvimento mais acelerado do setor. "Se por um lado houve um aumento na competição por concessões de exploração e produção, por outro lado, o novo cenário possibilitou algumas oportunidades, como mais flexibilidade na contratação de bens e serviços, menores barreiras à internacionalização e a possibilidade de formação de parcerias. Tudo isso funciona como forma de redução da exposição ao risco exploratório e financeiro, na alavancagem de negócios, no acesso a tecnologias críticas e a recursos físicos escassos (sondas para águas profundas, por exemplo)", explica Nepomuceno.
No ano 2000, a Petrobras descobriu a maior jazida de gás natural na Bacia de Santos, resultando na ampliação do seu uso como combustível para automóveis e indústria a um custo mais baixo. A Bahiagás, empresa responsável pela distribuição de gás natural canalizado em toda a Bahia, tem como fornecedor exclusivo a Petrobras. O pico de produção de gás na Bahia aconteceu no ano de 2004, quando foi atingida a marca de 6,1 milhões de m3 por dia. "Esse recorde será superado em 2007, com a nova plataforma Manati", afirma Rivas.

De volta a terra

A volta da exploração em áreas terrestres foi positiva. De 2003 a 2006 foram descobertos na Bahia mais dois novos campos de petróleo, além de campos em Sergipe, Rio Grande do Norte e Espírito Santo. Mas foi por meio da exploração no mar que o Brasil conquistou a auto-suficiência na produção do petróleo. A Bacia de Campos produz hoje o equivalente a 1,5 milhões de barris por dia e o Nordeste produz 250 mil barris por dia. "Foi a partir dessa unidade de produção que atingimos uma produção diária maior que o consumo no Brasil", confirma a Gerente Executiva do E&P - Norte e Nordeste, Solange Guedes.

Saiba +

O Presente

Do Candeias 1 até os dias atuais, muitas técnicas foram desenvolvidas com o intuito de aumentar a vazão dos poços. Rivas garante que a mais significativa delas é a injeção de gás carbônico nos reservatórios, já que a técnica aumenta a recuperação de petróleo. Além dessa, existe também a técnica que colocou a informática para auxiliar na produção, o chamado gerenciamento digital de campos. Os métodos utilizados pelos geofísicos para a exploração foram aprimorados com o passar dos anos. Os métodos convencionais (2D) evoluíram para tridimensionais (3D), sendo possível visualizar, com maior precisão, onde existe óleo ou gás. Hoje, é possível fazer perfurações horizontais nos poços. A Petrobras tem 2545 poços em atividade na Bahia (1984 produtores de petróleo e gás e 561 poços injetores de água). Atualmente, a Petrobras é a 15ª maior companhia mundial de petróleo e emprega cerca de 50 mil pessoas, além de ser a maior patrocinadora de projetos de responsabilidade social e culturais.


O futuro

O Plano Estratégico Petrobras 2015 estabelece a meta de produzir 2,3 milhões de barris por dia em 2010. De acordo com Rivas, "por todos os projetos existentes em andamento na Petrobras, inclusive aqueles que já estão em carteira, acredito fortemente que atingiremos essa marca, pois não há ameaças, nem fragilidades".
O executivo afirma que a Bahia poderá contribuir para essa marca devido aos 24 blocos exploratórios, distribuídos ao longo do litoral baiano e com contratos firmados junto a ANP. Alguns deles, para dar início às perfurações, aguardam o licenciamento do IBAMA. A Petrobras participa, sozinha ou em parceira, de 21 dos blocos. "Acredito que temos grandes possibilidades de achar acumulações de petróleo no litoral baiano", conclui Rivas.

Um comentário:

Anônimo disse...

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