domingo, 20 de maio de 2007

A Indústria do Petróleo no Mundo

Origem do Petróleo

Sua origem é proveniente da decomposição de substâncias orgânicas (vegetais e animais), em condições não-oxidantes.
Condições necessárias para formação e acumulação do petróleo: rochas sedimentares, acúmulo de substâncias orgânicas e condições termo-químicas apropriadas.


Primeiras Utilizações

O Petróleo é conhecido desde tempos remotos. A Bíblia já traz referências sobre a existência de lagos de asfalto. Nabudonosor pavimentava estradas com esse produto na Babilônia, tijolos eram assentados com asfalto, os fenícios calafetavam suas embarcações, enquanto os egípcios o utilizavam como impermeabilizante e para embalsamar os mortos e na construção de pirâmides. O petróleo era obtido de esxudações naturais por todos os continentes.


Resumo de alguns fatos importantes
1859
O "Coronel" Drake encontra petróleo num local apropriadamente conhecido como Arroio do Óleo, próximo a Titusville, Pennsylvânia, nos E.U.A. Foi a primeira vez que o petróleo foi descoberto in situ. Antes disso, vazamentos de petróleo eram aproveitados casualmente. Esta descoberta deu lugar ao primeiro "boom" do petróleo, quando milhares de exploradores acorreram para a região.
1860
O querosene, inicialmente o único derivado de petróleo utilizável até então, começa a desbancar o dispendioso óleo de baleia em lâmpadas e fogões.
1870
John D. Rockefeller estabelece a Standard Oil Company, em Cleveland, Ohio, nos E.U.A.
1872
Frustrado por grandes flutuações de preço, Rockefeller cria o "nosso plano", pelo qual a Standard Oil geraria estabilidade para a indústria mediante o controle de seus segmentos mais estratégicos, tais como refino e transporte.
1873
Iniciam-se as operações petrolíferas em Baku (ex-URSS). A família Nobel entra no negócio petrolífero da Rússia.
1878
Os Nobel lançam o primeiro navio petroleiro, Zoroaster, para escoar o querosene de Baku pelo rio Volga.
1882
Rockefeller transforma a Standard Oil numa entidade fiduciária, e vai conquistando o domínio completo da florescente indústria petrolífera dos E.U.A.
1888
No Peru, exploradores ingleses anunciam os primeiros descobrimentos comerciais de petróleo na América Latina.
1890
É fundada a companhia Royal Dutch para explorar um campo petrolífero em Sumatra.
1892
O navio petroleiro Murex, da Shell, passa pelo Canal de Suez com querosene de Baku, levando-o para Cingapura e Bangkok, para distribuição dali por diante através de uma rede criteriosamente preparada. Com essa manobra, a Shell começa a representar um desafio para a Standard Oil e para a Royal Dutch.
1896
O engenheiro alemão Rudolf Diesel patenteia o motor a combustão, que, com muitas modificações,ainda hoje conserva seu nome.
1901
Em Spindletop, E.U.A., um poço produtor de 100.000 barris por dia (b/d) inaugura a grande província petrolífera do Texas Oriental - e um dos maiores "booms" de petróleo de todos os tempos. Spindletop também abre o caminho para a criação da empresa Gulf Oil, da família Mellon.O magnata anglo-australiano do ouro William Knox D'Arcy obtém uma concessão de 480.000 milhas quadradas do Xá da Pérsia e envia George Reynolds para iniciar às perfurações.
1906
A Royal Dutch (60%) e a Shell Transport & Trading (40%) se associam.
1908
Henry Ford lança o seu Modelo T, o primeiro carro de produção em massa.Reynolds descobre um grande campo de petróleo em Masjid-i-Sulaiman, no Sul da Pérsia.
1911
Por ordem da Suprema Corte dos E.U.A., a Standard Oil Trust, de John D. Rockefeller, é dividida em várias empresas, ainda assim poderosas. As operações de ultramar ficam a cargo da Standard Oil New Jersey (Exxon). Outras companhias incluem a Standard Oil New York (Mobil), a Standard Oil California (Chevron), a Standard Oil Indiana (Amoco) e a Standard Oil Ohio (agora parte da BP America).Nos E.U.A., pela primeira vez, as vendas de gasolina para automóveis ultrapassam as de querosene.
1912
A Venezuela produz seu primeiro petróleo, em sua maior parte, sob propriedade inglesa.
1916
A Standard Oil of Indiana introduz o processo de craqueamento térmico de William Burton, elevando os rendimentos de refino da gasolina em 30-35%.
1924
A Compagnie Française des Pétroles (CFP) é constituída sob a égide do Governo francês e assume os interesses franceses no Iraque.
1925
Depois que a Anglo-Persian descobre o enorme campo de Kirkuk no norte do Iraque, é fundada a Iraq Petroleum Company (IPC).A introdução de novos queimadores acionados mecanicamente e de controles automáticos de fornos para caldeiras domésticas começa a abrir um enorme mercado para o óleo combustível.
1928
A Standard Oil Califórnia consegue uma concessão em Barein por parte da Gulf Oil (atual Chevron), de propriedade dos Mellon, tornando-se, em 1932, a primeira companhia norte-americana a encontrar petróleo no Oriente Médio.
1929
A Venezuela torna-se o segundo maior produtor de petróleo depois dos E.U.A.
1934
O crescente emprego do motor a diesel nas ferrovias européias e americanas começa a criar uma demanda bem identificável para este combustível.
1938
O México, sob o Presidente Lazslo Cardenas, nacionaliza todos os ativos petrolíferos estrangeiros e os coloca sob propriedade da Petróleos Mexicanos (Pemex). Durante três décadas o petróleo mexicano desaparece do cenário internacional.
1943
A Standard Oil New Jersey e a Shell aceitam as novas condições venezuelanas, que dividem os rendimentos da produção de petróleo em 50:50 com o governo anfitrião, aumentando em seis vezes as receitas petrolíferas do país.
1945
Ao final da II Guerra Mundial, mais de 500 navios petroleiros T-2 haviam sido lançados pelos estaleiros dos E.U.A. e dos aliados. Esses gigantes de 16.600 tpb formaram a espinha dorsal da frota de petroleiros do pós-guerra e lançaram os alicerces da fortuna de muitas famílias gregas.
1947
A Kerr-McGee faz a primeira descoberta "offshore" de petróleo no Golfo do México.
1948
Os Estados Unidos, que durante cerca de 90 anos foram exportadores de petróleo, passam a ser importadores líquidos do produto. Com o controle da crescente produção do Oriente Médio, os E.U.A., aumentam suas importações firmemente até o início dos anos 50.
1950
O Governo populista de Mossadegh, do Irã, nacionaliza as propriedades da Anglo-Iranian (ex-Anglo Persian) e os entrega à Companhia Nacional Iraniana de Petróleo. O boicote inglês fecha as portas às exportações iranianas, mas outros, principalmente a Aramco, aproveitam a oportunidade para obter uma parcela maior dos crescentes mercados do pós-guerra.
1953
Mossadegh é substituído pelo Xá Reza Pahlavi, pró-Ocidente, e a antiga concessão anglo-iraniana é substituída pelo Consórcio Iraniano de Petróleo, no qual a participação da redenominada British Petroleum encolhe para 40%, com o restante dividido entre a Shell, a CFP e um grande número de companhias norte-americanas. Enrico Mattei constitui o conglomerado ENI, visando liberar a Itália da dependência das companhias norte-americanas e inglesas.
1956
A crise de Suez estimula o desenvolvimento de superpetroleiros.
1960
Cortes adicionais nos preços instituídos pela Standard Oil New Jersey provocam a Arábia Saudita, sob Abdullah Tariki, e a Venezuela, sob Juan Pablo Perez Alfonso, a criarem a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Outros membros fundadores foram o Irã, o Iraque e o Coveite.
1967
A Arábia Saudita através da ARAMCO impõe um embargo aos E.U.A. e ao Reino Unido durante a guerra árabe-israelense.
1970
Armand Hammer, da Occidental, cede a exigências da Líbia por melhores preços e royalties, destruindo a frente unida das companhias internacionais. O Irã e outros produtores de petróleo seguem o exemplo.
1973
A demanda mundial ultrapassa a oferta após 20 anos de excedentes. Com 6,2 milhões de b/d, as importações dos E.U.A. são o dobro do que eram apenas três anos antes. O Presidente Nixon elimina o sistema de quotas de importação e institui normas para equalizar os custos dos refinadores locais tornando-os mais competitivos em relação ao resto do mundo.A OPEP aumenta o preço do óleo Árabe Leve em 70%, passando a US$ 5,11/b, enquanto seus membros começam a diminuir sua produção em apoio a egípcios e sírios em sua guerra com Israel. No Ocidente, a maior parte dos países adota o racionamento. No mercado "spot", que adquire importância, os preços chegam a US$20/b. No final do ano, o Árabe Leve atinge a US$ 11,65/b.
1974
As 18 nações industriais líderes do mundo formam a Agência Internacional de Energia para coordenar estratégias contra os aumentos de preços e embargos parciais da OPEP.
1975
O Coveite nacionaliza a concessão da Gulf-BP mediante uma indenização de apenas US$ 50 milhões. A ambas as companhias é negado qualquer acesso preferencial ao óleo produzido no país.
1976
A Venezuela nacionaliza as concessões da Shell, da Exxon e de outros investidores estrangeiros, fundindo-as na Petróleos de Venezuela(PDVSA).
1978
A Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), introduz um contrato de petróleo, criando o primeiro mercado de futuros do petróleo bem sucedido.
1979
A deposição do Xá do Irã pela revolução islâmica, chefiada pelo Ayatollah Khomeini, põe fim ao Consórcio Iraniano de Petróleo, retirando temporariamente 6 milhões de b/d dos mercados mundiais.
1980
O Iraque invade o Irã, provocando a formação de estoques de emergência em todo o mundo e, em consequência, dobrando os preços "spot" para US$40/b. Os preços oficiais da OPEP acompanham a onda, mas vão sendo gradativamente solapados no decurso dos cinco anos seguintes pelo mercado "spot" cada vez mais influente.
1982
Com a oferta de petróleo ultrapassando a demanda e com a Arábia Saudita se recusando a desempenhar o papel de regulador do mercado, pela primeira vez a OPEP estabelece quotas de produção.
1983
A Nymex introduz seu contrato de futuros de petróleo cru, passando logo a ser, juntamente com o Brent, o que determina o preço para a indústria petrolífera mundial.
1985
Para manter sua parcela de mercado, a Arábia Saudita introduz o "netback pricing", garantindo aos compradores margens substanciais quaisquer que sejam os preços pelos quais vendam os produtos refinados com petróleo saudita.
1986
Em consequência da superprodução de petróleo "netback" da OPEP os preços despencam de US$ 28/b para US$ 10/b, antes da Arábia Saudita abandonar esta fórmula, estabilizando o preço do barril de petróleo a US$ 15 nos mercados mundiais.
1990
O Iraque invade o Coveite, infligindo ao mercado mundial a perda de cerca de 6 milhões de b/d. Apesar disso, há suficiente capacidade excedente e os preços, em seis meses, voltam a se estabilizar aos níveis anteriores à invasão.
1991
O Iraque é derrotado, quando as Nações Unidas, apoiadas em forças militares principalmente dos Estados Unidos e Aliados, liberam o Coveite. Enormes volumes de petróleo e a maior parte da infraestrutura petrolífera do país são destruídos ou incendiados pelos iraquianos em retirada. Mesmo assim, ao final do ano, os últimos incêndios de poços de petróleo são extintos e o Coveite volta novamente a exportar. O colapso da União Soviética provoca uma rápida queda na produção de petróleo, especialmente na Sibéria Ocidental. Uma crise de investimentos deixa ociosos milhares de poços. O controle das exportações, chave da prosperidade russa, passa do governo central para uma cambiante casta de produtores, comerciantes e banqueiros.
1993
Durante o ano, com o óleo Brent cotado, em média, a US$ 17,80/b e o Árabe Leve a US$ 15,60/b, os preços do petróleo caem, em termos reais, a níveis anteriores aos da grande ofensiva da OPEP de 1973-74.
1996
Em setembro, em função de um novo ataque aéreo norte-americano ao Iraque, os preços do petróleo atingem a cotação mais alta desde a guerra do Golfo Pérsico em 1990-91, com o barril do tipo Brent chegando a ser cotado a US$ 24,90 na Bolsa Internacional de Petróleo de Londres.
1997
De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), a demanda mundial de petróleo em 1997 atingiu a média de 73,8 milhões de barris/dia, crescendo cerca de 2,9% em relação à 1996, quando foi de 71,7 milhões de barris/dia. Ainda segundo a AIE, a produção de líquidos da OPEP, alcançou a média de 30 milhões de barris/dia, contra uma produção média de 28,5 milhões de barris/dia em 1996. A produção de líquidos Não-OPEP atingiu a média de 42,9 milhões de barris/dia em 1997, em comparação com uma produção de 42,1 milhões de barris/dia em 1996. O preço dos petróleos que entram na composição do barril médio da OPEP fechou o ano em US$ 18,68/barril , em comparação com US$ 20,29/barril em 1996, significando uma queda de 8,6%.No Brasil, em agosto, todos os segmentos do setor petróleo são abertos ao capital privado e à competição, pondo fim ao Monopólio Estatal do Petróleo.


A Indústria do Petróleo no Brasil

Histórico

No Brasil, o interesse pela pesquisa de petróleo começou no século passado. As primeiras concessões foram registradas em 1858, para pesquisa e lavra nas proximidades de Ilhéus, na Bahia, área hoje conhecida como Bacia de Camamu. Daí até 1907, foram registradas concessões na região costeira dos estados da Bahia e do Maranhão, e em São Paulo, nas proximidades da cidade de Rio Claro.

As atividades eram amadoras e desorganizadas, com recursos escassos e sem equipamentos adequados. Porém, entre 1892 e 1897, Eugênio Ferreira de Camargo, um rico fazendeiro de Campinas, São Paulo, entusiasmado com notícias vindas do exterior, obteve uma concessão na região de Bofete (SP), na Bacia do Paraná. Importou uma sonda completa e toda uma equipe de perfuração dos Estados Unidos, e nesse período perfurou o que é considerado o primeiro poço de petróleo de nosso país. O poço perfurado chegou aos 488 metros de profundidade e só encontrou água sulfurosa, mas segundo registros orais não confirmados teria também recuperado dois barris de óleo. Assim como esta, na primeira fase da busca de petróleo no Brasil a maioria das tentativas foi de iniciativa de particulares.

A partir de 1907, além da iniciativa particular, as pesquisas também foram realizadas por órgãos públicos, principalmente pelo Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil (SMGB- criado em 1907), pelo Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM - criado em 1933) e pelo Governo do Estado de São Paulo. Mas as dificuldades eram imensas, porque faltavam recursos, equipamentos e pessoal qualificado. A primeira sondagem oficial, ou seja, realizada por um órgão público, foi em 1919. Perfurado na região de Marechal Mallet, no estado do Paraná, o poço chegou aos 84 metros de profundidade, mas foi abandonado no ano seguinte. Até o final dos anos 30, estrangeiros e brasileiros, além dos órgãos oficiais, realizaram uma série de pesquisas na Bahia, Sergipe, Alagoas e Amazonas, sempre com resultados desanimadores


Lobato, a primeira descoberta

Na década de 30, surgiu no Brasil a tendência à nacionalização dos recursos do subsolo. Em 1938, toda a atividade petrolífera passou, por lei, a ser obrigatoriamente realizada por brasileiros. Também neste ano, foi criado o Conselho Nacional do Petróleo (CNP), para avaliar os pedidos de pesquisa e lavra de jazidas de petróleo. O decreto de criação do CNP também declarou de utilidade pública o abastecimento nacional de petróleo e regulou as atividades de importação, exportação, transporte, distribuição e comércio de petróleo e derivados e o funcionamento da indústria do refino. Além disso, as jazidas de petróleo, embora ainda não localizadas, passaram a ser consideradas patrimônio da União.
A criação do CNP marca o início de uma nova fase da história do petróleo no Brasil. Outro acontecimento notável neste período foi a descoberta de petróleo em Lobato, na Bahia, em 1939, realizada pelos pioneiros Oscar Cordeiro e Manoel Inácio Bastos. Mesmo sendo considerada sub-comercial, a descoberta incentivou novas pesquisas do CNP na região do Recôncavo Baiano. Em 1941, um dos poços perfurados deu origem ao campo de Candeias, o primeiro a produzir petróleo no Brasil. As descobertas prosseguiram na Bahia, enquanto o CNP estendia seus trabalhos a outros estados.

A criação da Petrobrás

No final da década de 40, cresceu a polêmica sobre a melhor política a ser adotada pelo Brasil em relação à exploração do petróleo. As opiniões se radicalizavam, em sentidos opostos: havia grupos que defendiam o regime do monopólio estatal, enquanto outros eram favoráveis à participação da iniciativa privada. Depois de uma intensa campanha popular, o presidente Getúlio Vargas assinou, a 3 de outubro de 1953, a Lei 2004, que instituiu o monopólio estatal da pesquisa e lavra, refino e transporte do petróleo e seus derivados e criou a Petróleo Brasileiro S.A - Petrobrás para exercê-lo. Em 1963, o monopólio foi ampliado, abrangendo também as atividades de importação e exportação de petróleo e seus derivados. A partir de novembro de 1995, em função da Emenda Constitucional no. 9, o Brasil passou a admitir a presença de outras empresas para competir com a Petrobrás em todos os ramos da atividade petrolífera.

Na época da criação da Petrobrás, a produção nacional era de apenas 2.700 barris por dia, enquanto o consumo totalizava 170 mil barris diários, quase todos importados na forma de derivados. A partir de então, a nova companhia intensificou as atividades exploratórias e procurou formar e especializar seu corpo técnico, para atender às exigências da nascente indústria brasileira de petróleo. O esforço permitiu o constante aumento das reservas, primeiro nas bacias terrestres e, a partir de 1968, também no mar (onde a primeira descoberta, o campo de Guaricema, no litoral do estado de Sergipe, foi realizada em 1969). Em 1974, ocorreu um grande marco na bem-sucedida história da Petrobrás: a localização do campo de Garoupa, a primeira descoberta na Bacia de Campos, no litoral do estado do Rio de Janeiro. Posteriormente, a partir de meados da década de 80, a Petrobrás direcionou suas atividades de exploração sobretudo para as regiões de águas profundas da Bacia de Campos, culminando com descobertas de campos gigantes, como Marlim, Albacora, Barracuda e Roncador. Hoje, a Bacia de Campos é a maior província produtora de petróleo do país e uma das maiores províncias produtoras de petróleo em águas profundas do mundo.



Principais destaques na história

Anos 50

Ao ser constituída, a nova companhia recebeu do Conselho Nacional do Petróleo (CNP) os campos de petróleo do Recôncavo baiano; uma refinaria em Mataripe, na Bahia, uma refinaria e uma fábrica de fertilizantes, ambas em fase de construção, em Cubatão (SP); a Frota Nacional de Petroleiros, com 22 navios, e os bens da Comissão de Industrialização do Xisto Betuminoso. A produção de petróleo era de 2.700 barris por dia, representando 27% do consumo brasileiro. Vinha dos campos de Candeias, Dom João, Água Grande e Itaparica, todos na Bahia, que estavam em fase inicial de desenvolvimento. O parque de refino atendia a uma pequena fração do consumo nacional de derivados, que se situava em torno de 137 mil barris por dia, a maior parte importada.

A década de 50 foi o tempo do "aprender fazendo". O Governo deu à nova empresa todos os meios e facilidades para expandir a indústria petrolífera no país. Com isso, foi possível aumentar a produção, ampliar o parque de refino, melhorar a capacidade de transporte e incrementar a pesquisa. Ao mesmo tempo, a nova empresa procurou formar e especializar seu corpo técnico, para atender às exigências da nascente indústria brasileira de petróleo.
As opções iniciais foram pela construção de novas refinarias, buscando a redução dos custos de importação de derivados, e pela criação de uma infra-estrutura de abastecimento, com a melhoria da rede de transporte e instalação de terminais em pontos estratégicos do país. Ao final da década, a produção de petróleo já se elevava a 65 mil barris diários, as reservas somavam 617 milhões de barris, enquanto as obras em andamento no setor industrial prometiam, para a década seguinte, a auto-suficiência do parque de refino na produção de derivados básicos.

Alguns fatos marcantes dos anos 50 foram:

· Início de operação da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão, São Paulo (1955);

· Descoberta de petróleo em Nova Olinda, no Amazonas, em 1955, mais tarde considerada sub-comercial;

· Início de operação do Terminal de Madre de Deus, na Bahia, que torna possível exportar para Cubatão o excesso de petróleo produzido no estado (1956);

· Esforço para adquirir no mercado interno quantidades cada vez maiores de materiais e equipamentos. Em 1956, a RPBC adquiriu no país 78% de seus suprimentos;

· Intensificação das pesquisas geológicas e geofísicas em todas as bacias sedimentares.

Anos 60

A década de 60 foi um período de muito trabalho e grandes realizações para a indústria nacional de petróleo. Em 1961, a Petrobrás alcançou um de seus objetivos principais: a auto-suficiência na produção dos principais derivados, com o início de funcionamento da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro. Em 1968, duas unidades entraram em operação: as Refinarias Gabriel Passos (Regap), em Betim (MG) e Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas (RS). A expansão do parque de refino mudou a estrutura das importações radicalmente. Enquanto na época de criação da Petrobrás cerca de 98% das compras externas correspondiam a derivados e só 2% a óleo cru, em 1967 o perfil das importações passava a ser 8% de derivados e 92% de petróleo bruto.

Para reduzir o custo das importações, o Governo instituiu, em 1962, o monopólio da importação de petróleo e derivados. Essa medida permitiu que a Petrobrás realizasse negociações que resultaram em grande economia de divisas para o país, nos anos seguintes.

Dois importantes marcos de produção foram alcançados nos anos 60: os 100 mil barris diários de produção, em 1962, e a primeira descoberta de petróleo no mar, em 1968. O campo de Guaricema, no litoral de Sergipe, representou um passo importante para que a Petrobrás mergulhasse em direção ao futuro sucesso exploratório na atividade offshore.

Outros destaques dos anos 60 foram:

· É iniciada a exploração da plataforma continental, do Maranhão ao Espírito Santo (1961);

· Inaugurado o primeiro posto de abastecimento da Petrobrás, em Brasília (1961);

· A Petrobrás diversifica suas fontes de suprimento, até então restritas à Arábia Saudita e Venezuela, para oito países (1965);

· É inaugurada a Fábrica de Asfalto de Fortaleza, hoje conhecida como Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste - Lubnor (1966);

· Criado o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Cenpes), atualmente o maior centro de pesquisas da América Latina (1966);

· É constituída a subsidiária Petrobrás Química S.A (Petroquisa), para articular a ação dos setores estatal e privado na implantação da indústria petroquímica no país (1967);

· Começam os levantamentos geofísicos na bacia de Campos, sendo perfurado o primeiro poço submarino (1968).

Anos 70

No início dos anos 70, o consumo de derivados de petróleo duplicou, impulsionado pelo crescimento médio anual do Produto Interno Bruto a taxas superiores a 10% ao ano. Como responsável pelo abastecimento nacional de óleo e derivados, a Petrobrás viu-se diante da necessidade de reformular sua estrutura de investimentos, para atender à demanda interna de derivados. Datam desse período o início de construção da Refinaria de Paulínia (Replan), em São Paulo, a modernização da RPBC e o início de construção da unidade de lubrificantes da Reduc.
Paralelamente, cresceram os esforços para aumentar a participação do petróleo nacional no consumo brasileiro. A plataforma continental passou a merecer atenção especial. Depois de Guaricema, foram realizadas mais de 20 descobertas de pequeno e médio portes no litoral de vários estados. Em 1974, a descoberta do campo de Garoupa, no litoral do Estado do Rio de Janeiro, anunciou uma nova fase para a produção do país. Estava dada a largada para os constantes êxitos conseguidos na bacia de Campos, que rapidamente se transformou na mais importante região produtora.

Os anos 70 também foram marcados por crises. Os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) elevaram substancialmente os preços internacionais, provocando os chamados choques do petróleo de 1973 e 1979. Com isso, o mercado tornou-se conturbado e marcado por incertezas não apenas quanto aos preços, como também quanto à garantia do suprimento. Como importante cliente das companhias estatais dos países da OPEP, a Petrobrás conseguiu manter o abastecimento ao mercado brasileiro, resultado de anos de bom relacionamento com aquelas companhias.

Para superar as dificuldades cambiais, o Governo adotou medidas econômicas, algumas diretamente ligadas às atividades da Petrobrás: redução do consumo de derivados, aumento da oferta interna de petróleo. Datam desse período a adoção dos contratos de risco, assinados entre a Petrobrás e companhias particulares, para intensificar a pesquisa de novas jazidas, e o desenvolvimento de novas fontes de energia, capazes de substituir os derivados de petróleo. Um exemplo foi o incentivo ao uso do álcool carburante como combustível automotivo, com a criação do Programa Nacional do Álcool. Passou a ser dada prioridade aos investimentos em exploração e produção, ocasionando aumento da produção do petróleo nacional, que passou a ocupar espaço cada vez maior na carga das refinarias.

Alguns marcos dos anos 70 foram:
· São criadas mais cinco subsidiárias: a Petrobrás Distribuidora (1971), a Petrobrás Internacional - Braspetro (1972), a Petrobrás Fertilizantes - Petrofertil e a Petrobrás Comércio Internacional - Interbrás (1976) e a Petrobrás Mineração - Petromisa (1977);

· Começam a operar as refinarias de Paulínia (SP), ainda hoje a maior do país (1972), e Presidente Getúlio Vargas, em Araucária, Paraná (1977);

· Entra em operação o Complexo Petroquímico de São Paulo - I Pólo Petroquímico (1972);

· As refinarias de Capuava e Manaus são adquiridas pela Petrobrás (1974);

· Pela primeira vez no Brasil, é realizada a extração de óleo de xisto, com a entrada em operação da Usina Protótipo do Irati, em São Mateus do Sul, Paraná (1972);

· Começa a produção de petróleo na bacia de Campos, com um sistema antecipado instalado no campo de Enchova (1977);

· No Alto Amazonas, é descoberta a acumulação de gás de Juruá, a primeira descoberta com possibilidades comerciais realizada na região amazônica (1978);

· Inaugurada a Central de Matérias-Primas da Copene, subsidiária da Petroquisa, em Camaçari, Bahia (1978);


· Ao final da década, o Brasil produzia 165.500 barris de petróleo por dia, 66% dos quais em terra e 34% no mar. A produção média de gás natural atingia 5.200 mil metros cúbicos/dia.

Anos 80

A década de 80 levou a Petrobrás a superar grandes desafios. Com as bruscas elevações de preços no exterior, o dispêndio de divisas do país com petróleo e derivados aumentou mais de dez vezes, chegando a alcançar a casa dos 10 bilhões de dólares em 1981. Os investimentos nas atividades de exploração e produção, junto ao esforço desenvolvido na área de comercialização, contribuíram para reduzir a dependência energética. Ao final da década, o dispêndio líquido de divisas com importação de óleo e derivados caía para cerca de 3 bilhões de dólares.

Para o desafio de produzir em águas na faixa de 120 metros, a Petrobrás valeu-se de tecnologia disponível no exterior. Assim foi implantada a primeira fase de produção da bacia de Campos, que permitiu ao Brasil aumentar substancialmente a produção de petróleo. Ao mesmo tempo, a Petrobrás ampliou a utilização dos sistemas antecipados, que trouxeram dois ganhos fundamentais: a possibilidade de antecipar receitas e o domínio gradual da tecnologia de produção submarina. A produção passou, assim, a bater sucessivos recordes, atingindo 675.135 barris diários em dezembro de 1989.

Mas os anos 80 trouxeram boas notícias também para a produção em terra. Em 1988, entrou em operação o campo de Rio Urucu, no Alto Amazonas, descoberto dois anos antes. Foi um verdadeiro marco histórico das atividades da Petrobrás na Amazônia, onde a procura de petróleo antecedia a própria criação da empresa.

Na área de refino, as instalações industriais da Petrobrás foram adaptadas para atender à evolução do consumo de derivados. Para isso, foi implantado na década de 80 o projeto conhecido como "fundo de barril". Seu objetivo era transformar os excedentes de óleo combustível em derivados como o diesel, a gasolina e o gás liquefeito de petróleo (gás de cozinha), de maior valor.

Outro marco da década foi a atenção especial dada à preservação do meio ambiente. A Petrobrás passou a dedicar grande quantidade de recursos ao treinamento e à educação ambiental, assim como ao desenvolvimento de tecnologias específicas de proteção ao meio ambiente e a adoção de um programa de melhoria da qualidade dos combustíveis.

Também se destacaram nos anos 80:

· Entra em operação a Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos, SP (1980);

· São instalados na bacia de Campos os Sistemas de Produção Antecipada, com tecnologia desenvolvida pelos técnicos da Petrobrás (1981);

· Entra em operação o III Pólo Petroquímico, instalado em Triunfo, RS (1982);

· É construído, em São Sebastião (SP), o Centro Modelo de Combate à Poluição no Mar por Óleo, o primeiro do país (1984);

· Alcançada a meta-desafio de produção de 500 mil barris diários de petróleo;

· São realizadas as únicas descobertas comerciais efetuadas pelas contratantes de risco: gás natural pela Pecten na bacia de Santos e óleo pela brasileira Azevedo Travassos, na parte terrestre da bacia Potiguar (1985);

· São descobertos os campos de Albacora (1984) e Marlim (1985), os primeiros campos gigantes em águas profundas na bacia de Campos;

· É criado o Programa de Inovação Tecnológica e Desenvolvimento Avançado em Águas Profundas e Ultraprofundas, para viabilizar a produção de óleo e gás em águas superiores aos 1.000 metros, mais tarde estendido aos 2.000 e posteriormente aos 3.000 metros (1986);

· É consolidado o pioneirismo na exploração e produção em águas profundas, com a perfuração de poços em lâminas d'água superiores a 1.200 metros e produção a profundidades de cerca de 400 metros, o que constitui recorde mundial (1986);

· A Petrobrás supera seu próprio recorde, produzindo petróleo a 492 metros no campo de Marimbá, na bacia de Campos (1988);

· É retirado totalmente o chumbo tetraetila da gasolina produzida pela Petrobrás (1989).




Anos 90

Entra em ação a vanguarda tecnológica: sensoriamento remoto, poços perfurados horizontalmente, robótica submarina, produção de petróleo em águas ultraprofundas. A Petrobras inicia a década sendo indicada pela Offshore Technology Conference para receber o OTC Distinguished Achievement Award, o maior prêmio do setor petrolífero mundial, em reconhecimento à sua notável contribuição para o avanço da tecnologia de produção em águas profundas.

De fato: ao final dos anos 80, a Petrobrás se encontrava diante do desafio de produzir petróleo em águas abaixo de 500 metros, feito não conseguido então por nenhuma companhia no mundo. Num gesto de ousadia, decidiu desenvolver no Brasil a tecnologia necessária para produzir em águas até mil metros. O sucesso foi total. Menos de uma década depois, a Petrobrás dispõe de tecnologia comprovada para produção de petróleo em águas muito profundas. O último recorde foi obtido em janeiro de 1999 no campo de Roncador, na bacia de Campos, produzindo a 1.853 metros de profundidade. Mas a escalada não pára. Ao encerrar-se a década, a empresa prepara-se para superar, mais uma vez, seus próprios limites. A meta, agora, são os 3 mil metros de profundidade, a serem alcançados mediante projetos que aliam a inovação tecnológica à redução de custos.

Além da capacitação brasileira na produção de petróleo em águas profundas e ultraprofundas, outros desafios foram enfrentados pelo Centro de Pesquisas da Petrobrás durante a década. Entre eles, estão o aumento do fator de recuperação do petróleo das jazidas, o desenvolvimento de novas tecnologias para adequação do parque de refino ao perfil da demanda nacional de derivados e a formulação de novos produtos e aditivos que garantam o atendimento à crescente exigência da sociedade brasileira por combustíveis e lubrificantes de melhor qualidade.

Em agosto de 1997, a Petrobrás passou a atuar em um novo cenário de competição instituído pela Lei 9.478, que regulamentou a emenda constitucional de flexibilização do monopólio estatal do petróleo. Com isso, abriram-se perspectivas de ampliação dos negócios e maior autonomia empresarial. Em 1998, a Petrobrás posicionava-se como a 14ª maior empresa de petróleo do mundo e a sétima maior entre as empresas de capital aberto, segundo a tradicional pesquisa sobre a atividade da indústria do petróleo divulgada pela publicação Petroleum Intelligence Weekly.

Outros fatos importantes dos anos 90:

· decreto 99.226, de abril de 1990, determina a extinção da Interbrás e da Petromisa;

· Assinado o Acordo Brasil-Bolívia, para importação de gás natural, com a construção de um gasoduto de 2.233 quilômetros (1993);

· É desenvolvido o projeto Centros de Excelência, que associa o Governo, universidades, empresas privadas e a estatal na implantação de núcleos de alto saber, com ascendência tecnológica em nível internacional (1997);

· É modificado o estatuto da Petrofértil, de forma a permitir sua atuação no segmento do gás natural (1996). Mais tarde, a Petrofértil tem sua razão social alterada para Petrobrás Gás S.A - Gaspetro (1998);

· É superada a marca de produção de um milhão de barris diários de petróleo (1997);

· É criada a Petrobrás Transporte S.A - Transpetro, com o objetivo de construir e operar dutos, terminais, embarcações e instalações para o transporte e armazenagem de petróleo e derivados, gás e granéis (1998);

· São assinados os primeiros acordos de parceria entre a Petrobrás e empresas privadas, para desenvolvimento de blocos de exploração, em terra e no mar (1998);

· A Petrobrás obtém da Agência Nacional de Petróleo (ANP) 397 concessões distribuídas em blocos exploratórios, de desenvolvimento da produção e campos em produção, com área total de 458.532 quilômetros quadrados, 7,1% da área sedimentar brasileira (1998);

· É inaugurada a primeira etapa do gasoduto Bolívia-Brasil, entre Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e Campinas (SP). Maior obra do gênero na América Latina, o gasoduto vai permitir que se amplie consideravelmente a participação do gás natural na matriz energética brasileira, (1999).


ABTPG
Associação Brasileira de Tecnólogo de Petróleo e Gás

Um comentário:

paula senaa disse...

muito bom o texto...
fiz meu trabalho baseado nele.