domingo, 20 de maio de 2007

Notícias GN

A estatização das reservas de gás da Bolívia pode ter um reflexo positivo para o Brasil: acelerar os investimento da Petrobras nas Bacias de Campos, no Rio de Janeiro, e de Santos, em São Paulo.




A avaliação é do professor do Centro de Estudos do Petróleo (Cepetro) da Universidade de Campinas (Unicamp) Saul Suslick.

"Fatalmente, o que vai acontecer agora é que, com essa crise, provavelmente a Petrobras vai acelerar o cronograma desses projetos, em especial em Mexilhão (SP). Eu tenho quase certeza de que haverá parceiros internacionais interessados em participar, devido à proximidade com o mercado consumidor", disse.

Na avaliação dele, na Bolívia houve investimentos prévios desde o início dos anos 90 na infra-estrutura da construção do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). "A questão das jazidas brasileiras, tanto na Bacia de Campos como na Bacia de Santos, é que elas tiveram as descobertas recentes. Esses projetos, para se viabilizarem, necessitam um certo tempo de maturação e um certo investimento".

O professor observou que uma das principais vantagens do gás é a característica de menor agressão ao meio ambiente, por causa da composição de hidrocarbonetos que torna o produto mais limpo em relação aos demais minérios.

De acordo com Suslick, o gás pode ser usado principalmente na parte industrial para o fornecimento de calor e de força motriz, como matéria prima nos setores químico, petroquímico e de fertilizantes e para geração de eletricidade nas usinas termelétricas. Outros usos são o combustível para automóveis, o chamado gás natural veicular (GNV), em substituição à gasolina, ao óleo diesel e ao álcool, além do aquecimento da água em banheiros e cozinhas.

O gás natural é um combustível fóssil e finito. O professor explicou que, como qualquer outro recurso mineral, ele é determinado por duas condições: geológica e de viabilidade econômica. "Normalmente, as empresas usam a classificação do gás natural como reservas e, quando elas são provadas, têm um determinado nível de certeza. Então, o gás tem uma característica importante nessa questão. Alguns analistas entendem que, no longo prazo, esse recurso é finito", ponderou.

O gás de bujão, acrescentou, não tem nada a ver com o gás natural, uma vez que é oriundo do gás liquefeito de petróleo(GLP). Segundo ele, diferentemente do petróleo, para ser viabilizada, a jazida de gás natural precisa estar sempre acoplada a um forte investimento em infra-estrutura.

"Normalmente na indústria a gente percebe que não basta ter a posse da jazida se não tiver associado à infra-estrutura. É o caso que existe na Europa há vários anos, onde o gás é oriundo da Sibéria e do norte da África e abastece a Europa Ocidental", disse.

Suslick lembrou que o gás natural, como qualquer insumo energético, oferece problemas em termos de segurança para a população. "Ele tem que vir acompanhado de medidas de segurança".

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